domingo, 20 de novembro de 2016

Passa flecha com nomes de nota


Não me lembro quando, se na faculdade ou em alguma oficina, aprendi esta dinâmica que chamo de passa flecha. Originalmente consiste em "lançar palmas" para outros participantes em uma roda dizendo simultaneamente em alto e bom som a palavra "pá!". Lançar palmas neste caso seria bater palmas esticando os braços na direção de alguém (como o golpe do Hulk). Mas como só pode haver uma flecha "voando" no jogo, todos os participantes devem estar atentos sobre onde (com quem) está a flecha, e quem for passar deve olhar nos olhos da pessoa que irá recebê-la para que não haja dúvidas.

Então, alguém começa passando a flecha para outra pessoa, que fará o mesmo e assim por diante, valendo devolvê-la pra quem te enviou. Na verdade, é como se alguém lançasse uma flecha que  deve ricochetear por outros participantes. Daí quanto mais rápido a flecha passar de um participante para outro mais divertido fica, podendo inclusive valer a regra de eliminar quem demorar demais para passar a flecha (como se tivesse sido atingido). E se os participantes estiverem bem afiados quanto a manutenção de um pulso regular, pode-se eliminar quem perdê-lo.

Uma variação da dinâmica consiste em intercalar as flechas com "bombas", pisando forte no chão e dizendo simultaneamente a palavra "tum". Então se alguém de passa um "pá" você devolve ou passa adiante um "tum". Noutra variação você pode passar "pá tum" para alguém e a pessoa terá que passar adiante ou devolver invertido com "tum pá". Noutra ainda você pode incluir sequências de flechas e bombas: se for definido por exemplo "tum pá pá pá", significa que o primeiro passará bomba e os três seguintes passarão flecha, e assim por diante.

Mas se ao invés de falar "pá" ou "tum" trocarmos por nomes de notas musicais? Como na parlenda "Quem vem depois de quem", o primeiro passa a flecha batendo palma e dizendo o nome de uma nota qualquer e quem receber deverá passar a diante ou devolver dizendo o nome da nota que vem depois. Numa variação a ordem das notas pode ser invertida, noutra pode ser em intervalos de terça (pulando uma nota), outra pode envolver toda a escala cromática, e noutra ainda pode-se estabelecer tonalidades específicas para cada rodada.

Este "passa flecha com nomes de nota" continua, enfim, sendo uma dinâmica que trabalha reflexo, prontidão e a sintonia dos indivíduos com o grupo, com a vantagem (tanto para o professor quanto para o aluno) de poder trabalhar o automatismo de conteúdos específicos de música. A versão básica é sucesso garantido por experiência própria. Já as variações com intervalos e escalas específicas eu não tive oportunidade de experimentar ainda, mas acredito que deva ter uma boa aceitação entre os alunos que já estiverem mais familiarizados com o conteúdo em questão.

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DICA: Ao pensar na figura do Hulk para ilustrar o movimento de lançar palmas, pensei que esta associação poderia despertar ainda mais o interesse daqueles alunos que já simpatizam com esse personagem. Até mesmo o nome da brincadeira pode ser mais atrativo, se ao invés de "passa-flecha" chamarmos de "HULK ATTACK", ou ainda "THBAM-THBUM". Em ambas as sugestões a onomatopeia "thbam" deve ser dita junto com o golpe da palma, enquanto "thbum" deve ser dito junto com "um golpe inédito que nenhum inimigo do Hulk jamais conhecera... a pezada sísmica".

(Mini-)Gincana de "Grooves"


Groove [gru-vi] é uma palavra em inglês que no meio musical refere-se ao ritmo que sustenta uma música. O groove de uma música geralmente é definido pela bateria, pela percussão de uma modo geral. Mas, também pode ser definido pelo contrabaixo, pela guitarra, ou a grosso modo por qualquer outro instrumento que estabeleça uma célula rítmica como padrão para a música.

Há algum tempo percebo que uma das maiores dificuldades dos meus alunos está relacionada aos jogos e brincadeiras que envolvam o trabalho em grupo com mais de 3 integrantes. Talvez, ou provavelmente, esta seja uma característica comum à faixa etária destes meus alunos (6 a 11 anos) e que eu só esteja descobrindo agora. 

Então, buscando promover situações de aprendizado voltadas aos desafios do trabalho em equipe (resolução de problemas, tolerância e o respeito às diferenças de gostos e afetos, bem como aos diversos níveis de desenvolvimento psicomotor e/ou cognitivo dos colegas, em prol de um objetivo maior, etc. e etc.) desenvolvi uma gincana para turmas do 3º ao 5º ano do ensino básico.

Nesta gincana os participantes pontuam ao executar grooves de percussão corporal definidos (apenas por uma questão de praticidade) pelas cartinhas de Peito Estala Coxa. Cada cartinha apresentada (por pelo menos 4 vezes consecutivas, ininterruptas e em pulso regular) somará pontos de participação para um participante individual, uma dupla, um trio, um quarteto ou um grupo de qualquer tamanho.

Como o esquema de pontuação é a alma desta gincana, começo a aula explicando aos alunos que para participarem da gincana os alunos terão de me apresentar (sozinhos, em duplas, trios, e/ou grupos de qualquer tamanho) grooves de percussão corporal. E que cada groove apresentado individualmente representa 10 pontos; em dupla, 40 pontos (20 para cada participante); em trio, 90 pontos (30 para cada participante); e assim por diante.

Então, costumam perguntar "E se for em grupo de 5 pessoas? 6.. 7..." Daí eu faço as contas no quadro e todos ficam entusiasmados com o aumento exponencial dos pontos que podem marcar com apenas uma cartinha. Mas logo em seguida eu os lembro que para que seja válida uma apresentação em dupla, trio ou grupo de qualquer tamanho é necessário que todos os participantes sem exceção toquem o groove em "sincronia" (juntinhos), por 4 vezes consecutivas, etc. Se houver algum deslize na execução os pontos não são computados.

Enfim, quanto maior o grupo maior a pontuação (bem como a fração de cada participante). Entretanto, quanto maior o número de participantes maior será a dificuldade de coordenação e sincronismo dos toques. E o caminho até a superação deste dilema está repleto de situações de aprendizagem. Por exemplo:

Quando há dois ou mais participantes para tocar junto um groove a sincronia nem sempre é perfeita. Aí começam as acusações e apelações... "ah fessor, o fulano tá errando toda vez". E eu logo os corrijo dizendo: "em um grupo, o erro de um será tomado como erro de todos". Portanto, "se o colega está errando toda vez, vocês devem identificar a sua dificuldade e ajudá-lo à superá-la para marcar a quantidade de pontos que vocês almejavam originalmente".

Grupos grandes onde nenhum participante teve a experiência de tocar em dupla, trio ou em formações maiores costumam ter mais dificuldade de pontuar. Outra dificuldade bastante relacionada à apresentação de grupos está no fato dos participantes esquecerem de realizar uma contagem inicial para que todos comecem sincronizados.

Ao final da gincana vencerão 1) a dupla, o trio, ou o grupo mais bem pontuado e 2) o participante que acumular mais pontos por suas participações individuais, em dupla trio, e/ou grupos. Em outras palavras, um indivíduo pode apresentar cartinhas sozinho, noutro momento em dupla, noutro em trio, quarteto, grupo, e somar a fração de pontos referente à cada participação. A mesma formação não pode apresentar o mesmo groove mais de uma vez, mas o mesmo groove pode ser apresentado por diferentes formações (por um participante diferente ou um a mais no grupo). É importante também definir por sorteio uma ordem de participação (tanto para o sorteio das cartas quanto para a audição dos grupos) para que todos tenham a mesma quantidade de chances, aquele que não estiver pronto (ensaiado) pula a vez. Grupos criados ou modificados no decorrer da gincana assumirão o final da fila.

Inicialmente eu havia pensado numa gincana que durasse uma semana, um mês, envolvendo varias turmas em várias escolas, e etc. Mas como eu havia dito anteriormente, o esquema de pontuação é a alma da gincana, e os alunos criam uma expectativa muito grande para a contagem de pontos. Além disso, no mundo de hoje as crianças tem cada vez menos paciência para esperar pelo resultado de seu esforço. Então, na medida do possível, é necessário limitar o tempo da gincana a uma ou duas aulas no máximo, ficando assim uma "Mini-Gincana de Grooves".

Observação: Esta postagem é resultado de experiências com a atividade da gincana realizadas no segundo semestre do ano passado (2015). Ainda não tive tempo de garimpar as fotos, mas tão breve quanto possível eu as encontrarei e atualizarei a postagem.