terça-feira, 28 de julho de 2015

Fessora uma ova! É fessOr!


Não há um dia sequer em que pelo menos um aluno, por força do hábito, não me chame de "fessora...", como também não há um sequer destes lapsos que eu não responda prontamente em tom sério e irônico "Fessora uma ova! É fessor!". Os alunos se divertem tanto com o meu bom humor em lidar com a situação quanto com sua própria falta de controle sobre esta força do hábito. Não pra menos, afinal "a atividade docente [...] é uma ocupação predominantemente feminina" (BRUSCHINI e AMADO, 1988).

Às quintas-feiras leciono música na Escola Municipal de Acuruí, na zona rural de Itabirito-MG. E uma de minhas alunas do 1º ano do ensino fundamental ainda insiste em me chamar de "motorista". O que é hilário, mas perfeitamente compreensível. Afinal, o motorista do escolar era a única referência masculina que ela tinha até então neste ambiente predominantemente coordenado por mulheres professoras, cozinheiras e serventes.

Estas situações, pra mim divertidas, me fizeram também refletir sobre a minha condição de professor homem de crianças em escolas de ensino regular. E por mais argumentos que me sejam apresentados sobre o fato da predominância feminina nesta área ser uma situação culturalmente instituída, fruto da discriminação e da segregação da mulher, não consigo tirar da cabeça que quanto mais tenra a idade dos alunos mais vantagens a mulher tem sobre o homem na gestão de uma turma.

O ser humano é um animal, um mamífero, cuja relação de dependência fisiológica e também afetiva da prole com a fêmea estende-se por muito tempo além do parto. Por consequência, o desenvolvimento emocional e social das crianças sempre foi, em maior parte, função atribuída à mulher. Assim, para a predominância feminina no magistério ainda nos dias de hoje, o argumento "mulher leva mais jeito com crianças" não deveria ser tachado como machista. É apenas óbvio de um ponto de vista antropológico.

Guerra dos sexos à parte, homens e mulheres não são apenas fisiologicamente diferentes. Sem dúvidas a evolução da espécie conferiu a cada gênero diferentes habilidades cognitivas, adequadas às funções que normalmente exerceram ao longo da história. Não significa dizer apenas que um gênero é mais inteligente que outro nisso ou naquilo, mas reconhecer que ambos são potencialmente capazes de chegar aos mesmos resultados, porém por caminhos cognitivos diferentes.

Com isso em mente, lanço no ar a seguinte pergunta: que vantagens e desvantagens o homem costuma ter em relação à mulher no ofício de professor de crianças no ensino básico?

BRUSCHINI, Cristina e AMADO, Tina. Estudos sobre mulher e educação: algumas questões sobre o magistério. In: Cadernos de Pesquisa, nº 64, São Paulo, p.4-13, fev/1988.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Batalha de labirintos na lousa interativa



A atividade do Labirinto Musical consiste em descobrir e traçar o caminho de uma extremidade à outra, através dos nomes das notas musicais, em ordem crescente ou decrescente de graus conjuntos. Trata-se de exercitar o automatismo dos nomes das notas musicais e de suas posições, uma em relação à outra. Elaborei-a há pouco mais de um ano (em meados de 2014), já com diversos níveis e acrescentei a cada Labirinto uma figura para colorir, tal como nos exemplos que se seguem:


A ideia de associar as figuras foi uma solução simples para alguns problemas bastante previsíveis, como a necessidade de despertar mais o interesse dos alunos na atividade e consequentemente no comprometimento destes em caprichá-la, deixá-la bonita. Além disso, auxilia bastante o professorem administrar melhor o tempo que diferentes alunos levam para realizar o labirinto (em outras palavras, serve de distração para os alunos que forem terminando o labirinto e não ficarem atoa enquanto outros não terminam).

No entanto, com o passar do tempo, reparei que enquanto alguns alunos apresentavam maior expectativa com o desenho a ser colorido, outros entusiasmavam-se tanto com o labirinto em si, que dispensavam o desenho ou coloriam-no de qualquer jeito, terminando a tarefa em até menos de 5 minutos para que eu logo lhes desse outra. Mas como esta é uma atividade que venho realizando em turmas do 1º ao 5 º ano do ensino fundamental, o volume de impressões que eu preciso ter à mão começou a tornar-se um inconveniente.

Buscando solucionar este problema, deparei-me na internet com esta ideia de colocar as folhas dentro de um plástico protetor para pastas catálogo onde os alunos poderiam realizá-las diversas vezes com pincéis atômicos (figura a baixo). Funciona bem para turmas pequenas, mas a economia com as folhas seria bem menor que o gasto com os pincéis (mesmo os recarregáveis) que seriam usados em várias turmas com 20 a 30 alunos cada.


Esta semana experimentei realizar o Labirinto Musical na lousa interativa. O retorno foi bastante positivo por parte dos alunos. Enquanto um ou dois de cada vez realizavam a atividade no quadro o restante da turma traçava o caminho visualmente corrigindo ou antecipando o traçado dos participantes. O clima de disputa para ver quem realizava o labirinto primeiro apimentou bastante a atividade e criou expectativa, transformando alunos alheios e desatentos em expectadores, que logo transformaram-se em torcedores.


Para realizar a Batalha, abra duas janelas independentes (uma com o arquivo original e outra com uma cópia). Com os participantes inicialmente virados de costas para a lousa, você pode selecionar os labirintos às vistas de todos, o que gera bastante a ansiedade e a expectativa dos participantes a partir das reações da "torcida" com comentários do tipo "Nossa! Agora é nível 4! Vai ser mais difícil!" Depois é só dar a largada e se divertir com seus alunos...



Caso você (professor) não tenha acesso à uma lousa interativa apenas baixe o arquivo PDF a seguir e projete-o no quadro branco.